Desceu as escadas a correr evitando as poucas pessoas que as subiam. Tinha de apanhar aquele para conseguir chegar a horas. Ou não muito atrasada. Atirou-se para dentro da carruagem empurrando quem já se amontoava à entrada. Protestos em uníssono com o apitar das portas.
Estava vermelha mas não do esforço. Era vergonha. Detestava que lhe fizessem aquilo e via-se obrigada a fazê-lo. Sempre. Soprou discretamente para dentro do decote e apertou mais a mala contra si. Ser roubada no metro era um dos seus receios diários.
Ao seu lado estava um jovem casal. Ele magro, alto e sorridente; ela pendurada nuns saltos altos, num fato com um corte fantástico e com uma cor saudável na pele. Não sabia se eram mesmo um casal mas, se não o eram, pouco faltaria. Demasiado próximos, demasiado sorridentes, demasiado concentrados um no outro. Tentou imaginar o prazer que ela deveria estar a sentir por ser assim cortejada (fosse ou não o par dela). Desviou o olhar invejoso e a recordação da mãe a dizer que sozinha aos 34 era uma vergonha.
De resto, tão morena em pleno Abril é porque anda num solário.
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2 comentários:
LOL
(tinha-me esquecido deste cantinho... sorry!)
:) pois! (mãe cruel!)
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