quarta-feira, 9 de maio de 2007

no metro

Desceu as escadas a correr evitando as poucas pessoas que as subiam. Tinha de apanhar aquele para conseguir chegar a horas. Ou não muito atrasada. Atirou-se para dentro da carruagem empurrando quem já se amontoava à entrada. Protestos em uníssono com o apitar das portas.

Estava vermelha mas não do esforço. Era vergonha. Detestava que lhe fizessem aquilo e via-se obrigada a fazê-lo. Sempre. Soprou discretamente para dentro do decote e apertou mais a mala contra si. Ser roubada no metro era um dos seus receios diários.

Ao seu lado estava um jovem casal. Ele magro, alto e sorridente; ela pendurada nuns saltos altos, num fato com um corte fantástico e com uma cor saudável na pele. Não sabia se eram mesmo um casal mas, se não o eram, pouco faltaria. Demasiado próximos, demasiado sorridentes, demasiado concentrados um no outro. Tentou imaginar o prazer que ela deveria estar a sentir por ser assim cortejada (fosse ou não o par dela). Desviou o olhar invejoso e a recordação da mãe a dizer que sozinha aos 34 era uma vergonha.

De resto, tão morena em pleno Abril é porque anda num solário.

2 comentários:

Karla disse...

LOL

(tinha-me esquecido deste cantinho... sorry!)

Miúda disse...

:) pois! (mãe cruel!)